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Acordados ou com sono?

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Acordados ou com sono?

Tinha prometido escrever nesta sexta-feira sobre a Redução da Maioridade Penal, mas mudei o foco para voltar posteriormente.
Um artigo que escrevi depois das manifestações do ano de 2013, observou que quem protesta contra tudo, também protesta contra nada. No referido artigo, pretendia chamar a atenção para o fato que naquele momento muitos estavam nas ruas, mas não sabiam bem o porquê.

Havia motivos em 2013? Sim, sobretudo os gastos exorbitantes da Copa do Mundo. Existem motivos hoje? Sim, basta olhar a conta de luz e as propinas pagas pela Petrobras e outras instituições públicas.
O povo começa a tomar consciência de que os partidos estão seriamente desgastados, por isso, a rua não é mais ocupada pela convocação de lideranças políticas, são as pessoas que estão percebendo que são manipuladas, e usadas para fins daqueles que usam o poder em proveito próprio.

Aliás, o povo nas ruas também não pode ser vinculado aos movimentos que estão supostamente liderando tais manifestos, embora sejam legítimos, pois estamos numa democracia. Nesta, se um militar quiser disputar a presidência, ninguém em sã consciência poderá impedi-lo. É bom recordar que a Venezuela cantada em verso e prosa por algumas lideranças, teve por vários anos e teria ainda hoje se a morte não tivesse impedido, um militar, eleito pelo povo, mesmo depois de ter liderado uma tentativa de golpe. Seu nome? Hugo Chaves.

Precisa-se de uma identidade ideológica neste momento? Penso que a necessidade é outra, é fazer “cair à ficha”, estão nos roubando, cobrando mais impostos sem aplicá-los na educação, saúde, infraestrutura, segurança, isto está evidente, não há necessidade de nenhum partido tomar esta bandeira da população, os partidos têm é que cuidar de fazer funcionar tais serviços. Nada mais que isso! Se alguém observou, as supostas lideranças destes movimentos de “massa” chegaram depois do povo. Talvez por isso o dia 12 mostrasse outra configuração.

Neste caso, a mídia presta um desserviço, porque ela não percebeu, ou escondeu propositalmente que a sua concepção só compreende que as massas se manifestam se estiverem manobradas por certas cúpulas. As coisas estão mudando, nesta mudança o líder vai atrás da massa e não o contrário.
Um fato importante que a mesma mídia mostrou e que poucos analisaram, nesta mesma perspectiva da nova maneira das massas se manifestarem, foi à queda brusca na audiência da Novela Babilônia, que desejava fazer uma revolução. Este fato nos faz pensar que as pessoas não querem mais ser pautadas por algumas lideranças, sejam elas políticas ou de certas instituições persuasivas.

A história é evolutiva e cíclica ao mesmo tempo. Há um ponto na história em que a saturação de um sistema leva a tomar novos caminhos, com ou sem liderança, e quem não visualizar isso, “perde o bonde da história”. A Igreja já percebeu tal fato, e por isso suas atitudes estão paulatinamente sendo chamadas a mudar, admitir seus erros, recomeçar, preservar o tesouro da fé, e encarná-lo na história.
Acredito, que assim como eu e também muitas pessoas com as quais converso, há um desejo de mudança que não é mais identificado em atores históricos, antes muito creditados, as próprias pessoas estão percebendo que as mudanças ocorrem porque existem ideais intrínsecos de bondade, justiça, honradez que nos norteiam naturalmente, basta deixarmos tais atitudes de lado, para sentirmos sua falta, daí o desejo de recobrá-los.

Aqui está a causa que desnorteia, neste momento histórico, tanto os políticos, como uma parte da mesma mídia, acostumados a ditarem regras. Até a ditadura do relativismo começa, penso eu, a ser vítima de suas façanhas. Na análise de muitos problemas sociais, por exemplo, puxa-se a ponta do iceberg da família. Mas, qual família? Eis o imbróglio que o relativismo não sabe responder.
Existe uma filosofia, uma sociologia e uma psicologia popular que foge às normas destas nomenclaturas, porque as pessoas sofrem na pele com lidas cotidianas e, ao sofrerem, aprendem a encontrar caminhos diferentes daqueles manipulados. Percebesse que os brasileiros ainda estão sonolentos, mas ao menos já começam a se espreguiçar.

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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