Agora só Maracaju
Campo Grande ficou mais distante…, não que a quilometragem tenha mudado, contudo viajar de Dourados à Capital por Nova Alvorada ficou inviável. Eu que toda semana faço o trajeto, por necessidade, mudei, agora farei via Maracaju.
Mas, inviável está ficando muitas coisas, é impossível pensar que o governo cobre o imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) para fazer estradas e as privatize ou ofereça concessões para que empresas privadas cobrem mais ainda dos proprietários de veículos, e cobrem muito, porque uma viagem ida e volta Dourados – Campo Grande adicionará custo de quase trinta reais (R$ 30,00) ao orçamento do proprietário de “carro de passeio”. De passeio!
Que se privatize, pois infelizmente melhora quando o poder público concede à iniciativa privada suas estradas, porém, para ser justo, o IPVA não poderia ser cobrado, assim dobram-se os tributos sobre os automóveis, que já são os mais caros do mundo. Impossível achar isso normal.
Observei que um carro de passeio custará mais de cinquenta reais (R$ 50,00) fazendo o trajeto Mundo Novo – Pedro Gomes, trecho concedido; se volta pelo mesmo trecho terá uma despesa superior a cem reais (R$ 100,00), se for um caminhão, dependo do número de eixos, poderá pagar só de ida – aproximadamente quinhentos reais (R$ 500,00). Ora, esta rodovia é um importante meio de escoamento dos produtos agrícolas, significa que os fretes e consequentemente os produtos ficarão mais caros, gerando maior inflação.
Para nossa “alegria” (Ó Deus), o governo só fala em aumentar impostos para tapar o buraco das contas públicas, o que pretende fazer à custa do povo brasileiro; no Mato Grosso do Sul seremos duplamente penalizados, já que a BR 163 é a principal rodovia que corta o Estado.
Os agricultores, caso não seja feito algo, terão sua margem de lucro cada vez mais reduzida e os caminhoneiros igualmente. Dizer que os países civilizados têm carga tributária elevada, onde o povo paga impostos próximos dos nossos, pode ser meia verdade, de fato Canadá e Reino Unido, pagam mais de 30% de impostos, mas quem conhece os serviços públicos oferecidos aos seus povos respectivamente, sabe da qualidade dos mesmos. Nem de longe podem ser comparados aos nossos. O serviço público destas nações, às vezes, são melhores que os nossos serviços particulares.
E o brasileiro para onde correrá? Não sabemos, mas muitos moradores do cone sul do nosso Estado, especialmente Dourados e cidades próximas, farão de Maracaju uma via opcional, até não privatizarem também esse trecho. Uma opção que ajuda é colocar combustível em Campo Grande, podendo ainda proteger um pouco o bolso, economizando até cinquenta centavos (R$ 0,50) por litro.
Os representantes sul-mato-grossenses precisam olhar com carinho para este fato que onera ainda mais os habitantes do Mato Grosso do Sul. Pode-se alegar que só quem tem carro será penalizado, portanto, os mais abastados. Mas vale ressaltar que todos serão afetados, porque os preços embutidos serão repassados para a população.
Pe. Crispim Guimarães
Pároco da Catedral de Dourados
