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O Brasil tem medo

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O Brasil tem medo

No Brasil são dezenas de milhares de vidas ceifadas anualmente pela violência, os números assustam, nem os países em guerras vivem tão avassaladora realidade.
As grandes cidades tornaram-se caóticas, o povo vive trancado e os bandidos soltos, porém, é uma calamidade que atinge também as cidades menores, em toda parte a insegurança parece imperar. Não bastassem as pesquisas recentes que apontam para praticamente 60 mil assassinatos a cada ano, existem os casos de roubos, e outras violências não seguidas de morte e que não constam nesta estatística.
Em Dourados, cidade de porte médio, a cada instante ouve-se um relato de assalto. Há poucos dias, duas pessoas próximas foram vítimas de situações similares. Saindo da Catedral na Rua João Cândido Câmara, a quadra próxima a Praça Antônio João, meliantes abordaram um dos nossos diáconos e o assaltaram, nossa secretária do lar, às 6h45, vindo para o trabalho foi também atacada, e assim, quase que diariamente ouço relatos desta natureza.
Nossos presídios não são mais administrados pelo Estado, o são pelo crime organizado. De dentro desses complexos, onde os chefões, sobretudo, do tráfico de drogas se protegem, eles comandam ações ousadas que em nada diferem das organizações mais sofisticadas de terrorismo. Presos que, por outros motivos menores, chegam a esses ambientes, saem deles PhD em “bandidagem”.
O país vive com medo! Os brasileiros não têm mais liberdade de transitar tranquilos pelas ruas, especialmente nos grandes centros, nem à noite e, de certo modo, também durante o dia. As drogas se tornaram fáceis, constatamos o seu uso indiscriminado, nas ruas, nas universidades, nas festas, alimentando uma cadeia cada dia mais numerosa de financiamento da violência.
Onde se encontram as causas de tantas mazelas? Seria ingenuidade e má fé apontar somente uma razão, todavia a principal delas é a antropologia de fundo que conduz a sociedade atual, é ela que determina as políticas públicas e a visão de mundo das pessoas, e que torna o Estado inerte diante deste fato em particular.
Para camuflar a ineficiência estatal, que não consegue combater o crime organizado, maior fonte de violência, o próprio Estado, através de agentes sociais de “renome”, coloca em discussão a liberação de entorpecentes, começando pela cannabis, desconfio que seja para depois proceder com a liberação de outros. O ponto de partida é sempre o princípio do seu uso medicinal, como que num processo subliminar para facilitar sua aceitação. Ora, o soro antiofídico é medicinal, mas a picada da serpente mata.
A derrocada moral, que gera as ocorrências assustadoras da corrupção é outro fator que denigre a capacidade das autoridades no combate as fontes da violência, mas não deixa de ser verdade que a mentalidade utilitarista e hedonista é também uma das suas grandes causas.
É preciso retomar valores humanos que façam olhar a pessoa não como produto de lucro e dominação, é preciso encarar o fato, a população brasileira vive encarcerada e os bandidos soltos, admitir que o Estado perdeu a capacidade gerir a segurança e por isso, precisa urgentemente de reformulação na política neste âmbito, que passa não só pela construção de novos presídios, e aquisição de armas para as polícias, precisa sim, de políticas públicas que valorize a educação de qualidade, a ética, a distribuição de renda, etc. Caso contrário, discussões como a da redução da maioridade penal, que desejo falar na próxima sexta, será em vão.
O que não podemos mais suportar é viver num país com a maior carga tributária do mundo, onde o seu povo, dentre os outros direitos, não pode mais circular com segurança, porque um campo de batalha – nada velado – se instalou na nação.

Pe. Crispim Guimarães Pároco da Catedral de Dourados.

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