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O Cristo Redentor e o “templo de Salomão”!

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O Cristo Redentor e o “templo de Salomão”!

O ex-primeiro Ministro da Inglaterra, Tony Blair, perdeu o direito ao exercício de tal cargo, depois que deixou a Igreja Anglicana e assumiu a fé católica. Neste caso, desejo chamar a atenção para o fato da Inglaterra se arrogar ser uma das nações que mais promove a liberdade, portanto, grande democracia. Democracia? Só se rezar na cartilha da Rainha!

Um acontecimento recente assemelha o Brasil ao referido país, envolvendo a imagem do Cristo Redentor, no alto do Corcovado, Rio de Janeiro. A grande estátua é administrada pela arquidiocese carioca, deste modo, o uso de sua imagem para filmes e novelas precisa, geralmente, da aprovação da Igreja Católica, para que sua veiculação não seja ofensiva à fé dos fiéis, algo mais que normal. Mesmo que não fosse a Igreja a administrar este monumento religioso e cultural, o povo não quer ver esta obra de artes usada indevidamente, o mesmo tem o direito de exigir respeito, foi o que ponderou o Cardeal D. Orani Tempesta, ao analisar o pedido do cineasta José Padilha, pois o filme conduzido pelo referido diretor trazia uma cena em que se utilizava a expressão “paisagem inútil”. Inútil?

Então por que o Cristo do Corcovado foi eleito uma das sete maravilhas do mundo? Nem culturalmente ele é inútil, imagine para os cristãos. Ora, numa democracia posso dizer o que quero, desde que respeite o direito do outro, neste caso, da imensa maioria de cristãos e católicos. José Padilha logo se apressou em dar entrevista criticando a Igreja e pedindo que a administração deste patrimônio fosse retirada da arquidiocese. Queria ver sua valentia usando a imagem de Maomé, dizendo que as referências ao profeta dos Islâmicos são inúteis.

Por causa da polêmica, correu na imprensa, “que a ministra da Cultura, Marta Suplicy fez chegar ao Cardeal D. Orani, uma ameaça, através de um decreto presidencial, que já estaria pronto, retirando da Igreja Católica a tutela sobre a imagem que está localizada no Parque Nacional da Tijuca, sob o controle da União”. Fato agora negado pela mesma. Tomara que realmente tenha havido um equívoco, e que a expressão “onde há fumaça, há fogo” seja só um dito popular longínquo desta controvérsia.
Não se espera numa nação democrática onde o Estado é laico que as pessoas concordem com a fé de parte da população, embora no caso em questão, esta porção seja maioria, se assim fosse, viveríamos numa teocracia, como é o caso de muitos países árabes, ou no caso contrário, num Estado ateu, onde não se pode acreditar em nada, expressão dos antigos países do Leste Europeu, e ainda vigente na China, Coreia do Norte, Cuba, etc.

Ora, se o Estado laico protege o direito religioso das minorias, é o caso, das religiões afrodescendentes, que já conseguiram na justiça processar com ganho de causa, muitas ofensas proferidas por igrejas cristãs, como agora podemos achar bonito que um símbolo cristão seja chamado de “paisagem inútil”? Sabe-se que a arquidiocese depois de analisar melhor liberou a filmagem; mesmo que seja uma expressão artística, devemos perguntar que arte é esta que para se firmar precisa tripudiar sobre a fé alheia?

O ator Wagner Moura interpreta o personagem que durante um voo de asa-delta, conversa com a estátua do Cristo reclamando da vida, dos seus dissabores e da violência da cidade que ele deveria proteger. Compreensível até certo ponto, mas poderia sobrevoar o Palácio da Guanabara e a Assembleia legislativa do Rio, sua Prefeitura e perguntar aos políticos por que não aplicam o Evangelho de Cristo na administração pública?

Existem tantas formas de fazer arte, de promover o belo e a justiça, no entanto, alguns insistem em fazer fama negando o direito de muitos, inclusive o direito de acreditar, sabemos que meios como Cinema e outros são armas poderosas na (de)formação da consciência.

O “Templo de Salomão”, onde uma fortuna foi aplicada, gerando muitas contendas, inclusive denúncias de irregularidades, os políticos rapidamente se apressaram em prestigiar sua inauguração.
Não nego, porém, sua beleza, questiono sua utilidade numa época onde o dinheiro é tão escasso e os pobres passam tantas necessidades, e mesmo que tenha vontade de conhecê-lo, não sei se teria coragem de pagar para entrar, como parece ser a exigência, já que é um templo e não um museu. Por que dois pesos e duas medidas?

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

O Cristo Redentor e o “templo de Salomão”!

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