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Quem vai pagar a conta do Petrolão?

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Quem vai pagar a conta do Petrolão?

Antes de responder, recordo que a Quaresma é tempo de reflexão e, no Brasil, de Campanha da Fraternidade. Neste ano de 2015, a Igreja propõe uma meditação sobre a “Igreja e Sociedade”.
Vive-se numa sociedade plural, por isso, muitos valores são conflitantes e outros confluentes. Pretendem-se diante dos valores como vida, ética, direitos humanos, política, estabelecer uma relação de colaboração. O coordenador da Campanha deste ano, Pe. Luiz Carlos, disse-me por telefone, no Programa Ponto de Vista, dia 21 de fevereiro, que um dos grandes temas que devam ser trabalhado no presente ano é a questão da corrupção. Evidentemente ele tem razão, e a Igreja não pode se furtar a esta discussão.

Os casos se multiplicam pelo país, a corrupção virou algo epidêmico. Numa conversa com um político do cenário nacional, ele disse que político virou sinônimo (no imaginário popular) de corrupto, “a classe está tão desacreditada que basta dizer que é político para ser associadas ao roubo”, palavras dele.

O escândalo que mais se fala hoje (não é o único), pelo seu montante e organização é sem dúvida o da Petrobrás. Se a rapina começou 10, 15 ou 20 anos atrás, deve ser esclarecido, que chegue a qualquer político desse período, não importa, a Petrobrás e as demais empresas públicas não são de um, dois, ou três grupos, são do povo brasileiro. Se elas vão mal, na recuperação não vai sair um centavo do bolso destes políticos, sairá do nosso bolso, somos nós os furtados. Estes desvios de dinheiro é um assalto à mão armada. Quem vai pagar? Nós, povo brasileiro. Se isto acontecesse num país que leva a sério a ética, o resultado seria outro.

O que não pode ocorrer é a defesa dos corruptos atuais, usando os artifícios de que no passado outros roubaram, justificando que é certo roubar porque outros já o fizeram, significa o que o Juiz Odilon de Oliveira afirmou numa entrevista: “seria melhor legalizar a propina, a roubalheira”. Se no passado outros roubaram e era errado, continua a sê-lo também hoje.

Primar pela ética não é moralismo, devia ser a linguagem dos cidadãos comuns, nenhum de nós pode acreditar que roubar é prática aceitável, não é porque alguns roubam que não devemos nos escandalizar com a corrupção e não cobrar punição.

É impossível fazer uma defesa desta roubalheira, é uma loucura, seja quem for de direita ou de esquerda, de centro, é inconcebível. É como dizer que uma pessoa que entra na nossa casa e carrega nossas economias está certa. Ah! Mas ninguém entrou na nossa Casa! Não literalmente, porém entrou no nosso bolso, porque é do nosso bolso que sai o dinheiro para financiar toda esta rapinagem.

Também não é verdade que todos na política são ladrões, conquanto já tenha ouvido de políticos que é difícil serem honestos quando se entra na política partidária, embora isso não devesse afastar as pessoas sérias na defesa da causa pública, ao contrário, deveria suscitar nas mesmas o desejo de moralizá-la, e o povo não poderia se esquivar do dever de apoiar aqueles que desejam fazer da política o exercício do “bem comum”.

Por isso, na atual conjuntura é necessário o apoio à justiça que, que apesar de lenta, está procurando evidenciar fatos obscuros da administração pública – em várias esferas. Não é legal, não faz bem ao Brasil defender os corruptos atuais, porque no passado eles também existiram, isto é a degradação moral de uma nação.

A Igreja propõe a Reforma Política como uma das lutas organizadas para possibilitar uma maior participação nas decisões do país. Isto só acontecerá, porém, se a noção de ética não for relativizada, se o roubo não for institucionalizado.

Não é o cidadão honesto quem deve pagar a conta pela improbidade! Por enquanto, sobretudo o pobre, tem arcado com a conta do afastamento da ética da administração pública, pois os serviços estão cada vez mais deteriorados.

Com patriotismo, sem moralismo, não a corrupção!

Pe. Crispim Guimarães

Pároco da Catedral de Dourados

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