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Sombras e luzes

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Sombras e luzes

Fonte: Pe. Crispim Guimarães

Quando adolescente, portanto, ainda muito jovem, fui militante político, pintei meu rosto muitas vezes para que a impunidade fosse desmascarada. Deixei a militância partidária, no entanto, nunca perdi o amor pela causa pública, meio privilegiado para alçar a cidadania. Já os gregos, quatro séculos antes de Cristo, consideravam a política, fruto da justiça, como o meio mais eficaz para promover o bem comum.

Nestes dias, um misto de perplexidade, comoção e esperança tomaram conta da população douradense. A justiça, num trabalho conjunto de vários organismos, teve acesso a provas muito sérias sobre a má administração do município. Não quero repetir aqui, aquilo que todos já viram e ouviram pela imprensa. Minha intenção é fazer algumas ponderações.

Acompanhei estes dias o desenrolar dos fatos, entrevistei Eleandro Passaia, estive na posse do prefeito interino, fiquei contente com tudo que ouvi, sobretudo com o que vi. Observei com alegria o Ministério Público, juízes, delegados da Polícia Federal, amparando a nova administração, o que realmente nos enche de esperanças.

O nome de Deus foi bastante citado, o que me deixou muito contente, afinal para um padre isto é “um prato cheio”. Mas não nos enganemos, a nova administração vai precisar muito mais que isso, vai precisar da fiscalização popular, papel do qual nós cidadãos não podemos nos eximir. Deus é muito importante nas mais variadas conjunturas, mas mesmo com Ele, o homem público ainda precisa de outros requisitos (“faça a sua parte que eu o ajudarei”). Não podemos esquecer que o vice-prefeito era um homem religioso. E para que não pensem que estou fazendo apologia aos “evangélicos”, eu mesmo tive um grande amigo, coroinha na nossa infância, hoje padre, que foi eleito prefeito e nem por isso foi honesto, ao contrário, sua administração foi permeada de denúncias de corrupção.

A religião ajuda, quando está pautada numa humanidade bem constituída. Assim afirmava São Tomás de Aquino: “a graça pressupõe a natureza”, isto é, a graça de Deus necessita de uma natureza sadia. Mesmo que Ele sempre habite em nós, existem funções que a graça precisa de uma humanidade equilibrada. O certo é que estamos num momento de passar a limpo a sociedade local. Por isso, a insistência para ajudarmos, e a melhor forma é colocando-nos como fiscais, pois foi a nossa omissão de verdadeiros cidadãos que nos levou a este caos. Aliás, cada pessoa deveria agora fazer um exame autocrítico e pensar no voto vendido. Todo aquele que assim procedeu também deve ser réu da sua consciência, numa operação “Uragano interior”.

No entanto, o tempo passa depressa e o mandato é interino, não demorará muito a justiça pode pedir novas providências, inclusive nova eleição (extraordinária). Nesta perspectiva, o bem de Dourados deve prevalecer. Não será hora de disputas partidárias, como até então temos visto, será a hora da sociedade procurar um consenso, averiguar a possibilidade de encontrar um “cidadão” idôneo, que não esteja viciado na política profissional.

Mas, a situação calamitosa que se abateu sobre Dourados, pode ser, neste momento eleitoral, uma bela oportunidade para analisar até que ponto uma sociedade pode chegar quando vota sem conhecer a fundo a vida dos candidatos e, pior, quando não os acompanha nos seus mandatos, delegados pelos eleitores, para o bem dos mesmos.

Rezemos a Deus pelo bom êxito da nova administração e façamos nossa parte: fiscalizemos, apoiando e criticando, quando necessário.

Pe. Crispim Guimarães dos Santos
Coordenador de Pastoral e Assessor de comunicação da Diocese de Dourados


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