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A missa de inauguração do pontificado do papa Leão XIV será celebrada no domingo (18) às 10h (5h no horário de Brasília), na praça de São Pedro, no Vaticano, marcando o início oficial de seu ministério como sucessor de são Pedro e bispo de Roma. Em 25 de maio, o papa tomará posse, como bispo de Roma, da basílica de São João de Latrão, a catedral de Roma.
A missa do dia 18 de maio será celebrada conforme estabelecido no Ordinário do Rito de Iniciação ao Ministério Petrino como bispo de Roma, livro litúrgico aprovado por Bento XVI em 2005 e reformado por ele mesmo em 2013.
“O início do ministério petrino é o que costumava ser a coroação do papa. Agora, os papas não são mais coroados com a tiara que era usada até Paulo VI, mas iniciam seu ministério como sucessores de Pedro”, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, o padre Juan José Silvestre, professor de liturgia na Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, Espanha. O papa são Paulo VI, depois do Concílio Vaticano II (1962-1965), abandou a tiara papal.
Na cerimônia, Leão XIV receberá o pálio e o anel do pescador.
A tomada de posse da basílica de São João de Latrão, em 25 de maio, “caracteriza o Santo Padre, ou melhor, nos lembra que ele é o bispo de Roma”, diz o padre Silvestre.
“Assim como um bispo, uma vez nomeado, tem dois meses para tomar posse de sua catedral, sua sede, o papa, como bispo, também será recebido pelo capítulo da catedral e, uma vez sentado em sua cátedra de São João de Latrão, da diocese de Roma, receberá a expressão de obediência e respeito de um representante da diocese de Roma”, disse também o padre.
A missa de início do pontificado
Segundo a programação, a cerimônia solene do dia 18 de maio começará dentro da basílica de São Pedro, diante do Altar da Confissão. “O papa Leão XIV estará ali diante dele para rezar em silêncio diante do túmulo do apóstolo Pedro, momentos antes de iniciar a missa solene de inauguração de seu ministério petrino como bispo de Roma”, diz o padre Silvestre.
Os patriarcas das Igrejas Orientais Católicas em comunhão com Roma também participarão desse momento de recolhimento e oração. Depois, a procissão litúrgica partirá em direção à praça de São Pedro, liderada pelo papa, de dentro da basílica até o altar externo em que será celebrada a missa.
No trajeto, são cantadas as Laudes Regiæ, ladainha solene dos santos apropriada para essa ocasião. “É uma forma particular da Ladainha dos Santos em que se pede a intercessão dos santos, reunidos em grupos distintos, para rezar pela santidade do papa”, diz o especialista.
Esse antigo canto litúrgico antigamente acompanhava triunfos imperiais. Ele foi recuperado pelo imperador Carlos Magno no Natal do ano 800 d.C, em sua coroação como imperador, e desde então se tornou um hino solene para ritos monárquicos.
Também cantadas pelos reis da França e pelos soberanos da Inglaterra até a reforma protestante, as Laudes Regiae evocam uma verdade teológica central: todo poder na terra vem de Deus e deve ser exercido com humildade e responsabilidade.
O dossel e o anel do pescador
Um dos momentos centrais do rito é a apresentação dos sinais do ministério petrino. “É a apresentação dos dois elementos que marcam o início do pontificado. Antes, a tiara era colocada no papa, mas agora os elementos importantes são o pálio papal e o anel do pescador”, diz o padre Silvestre.
“O pálio, que é um tipo de estola ou lenço, é feito de lã de ovelha e representa o papa como pastor carregando o rebanho, ou seja, a Igreja, em seus ombros”, diz o especialista em liturgia.
O padre Silvestre diz que o anel de pescador “é uma espécie de anel de ouro onde estão gravados uma representação de são Pedro em seu barco e o nome do papa”. Esse anel “serve para selar documentos” e garantir a autenticidade da origem e da assinatura do papa.
Até a missa do domingo, o papa usa seu habitual anel episcopal, mas “desde o início do ministério petrino, o papa ficará sem anel e o receberá no início da celebração”.
Depois do rito de apresentação dos dois elementos, o colégio dos cardeais fará o ato de fidelidade ao novo papa.
“Veremos uma representação dos cardeais — em nome de todo o colégio — se aproximar do Santo Padre para expressar sua reverência, obediência e comunhão eclesial”, diz o padre Silvestre.
Proclamação do Evangelho em grego e latim
Na missa de inauguração de um papa o Evangelho é proclamado no roginal grego e em latim, porque “o sucessor de Pedro é o papa dos católicos orientais e dos católicos latinos”.
Depois da missa inaugural na basílica de São Pedro, Leão XIV tomará posse das outras três basílicas papais. Na terça-feira, 20 de maio, ele tomará posse da basílica de São Paulo Fora dos Muros. No domingo, 25 de maio, ele celebrará seu segundo Regina Caeli, e no mesmo dia tomará posse das basílicas de São João de Latrão e Santa Maria Maior.
A posse da basílica de São Paulo Fora dos Muros, no dia 20 de maio, será centrada na veneração do túmulo do apóstolo dos gentios: “Veremos o Papa rezar no túmulo de são Paulo”, diz o padre Silvestre.
Por fim, a visita à basílica de Santa Maria Maior será marcada pela devoção mariana. “Em sua visita a Santa Maria Maior, o papa Leão XIV vai venerar o ícone mais famoso da cidade de Roma, que é a Salus Populi Romani ”, diz o padre Silvestre.
Dimensão universal e diplomática
O padre espanhol diz que a missa de abertura do pontificado terá um caráter claramente universal porque “destaca o Santo Padre como pastor da Igreja Universal”.
Por isso, além de milhares de fiéis, estarão presentes chefes de Estado e representantes diplomáticos de vários países. “Logicamente, a Santa Sé tem relações diplomáticas com cerca de 180 países, e faz sentido que eles enviem suas delegações para representá-los”, diz o padre Silvestre.