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Em seu primeiro Ângelus em Castel Gandolfo, o papa Leão XIV disse que a vida eterna não é para ser conquistada, mas sim acolhida como um “dom” que nasce do “amor de Deus” e, por isso, não se deve tentar “enganar a morte, mas servir a vida”.
“Para viver eternamente, portanto, não há que enganar a morte, mas servir a vida, ou seja, cuidar da existência dos outros no tempo que aqui partilharmos. Esta é a lei suprema, que não só está antes de qualquer regra social como lhe dá sentido”, disse o papa.
O papa falou aos fiéis e peregrinos reunidos na Piazza della Libertá (Praça da Liberdade) em Castel Gandolfo, para onde se dirigiu no dia 6 de julho para um breve período de férias. O seu regresso ao Vaticano está previsto para o próximo domingo (20).
Em frente ao Palácio Apostólico da Villa Pontifícia, um palácio reforçado do século XVII, localizado nas margens do Lago Albano, o papa dedicou a sua reflexão a uma pergunta-chave em relação ao Evangelho de hoje (Lc 10,25): “Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
“O Evangelho de hoje começa com uma lindíssima pergunta feita a Jesus: ‘Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?’”, começou o papa.
“Estas palavras exprimem um desejo constante na nossa vida: o desejo de salvação, ou seja, de uma existência livre do fracasso, do mal e da morte”, explicou.
Em seguida, disse que aquilo “que o coração do homem espera é descrito como um bem “herdado””. E acrescentou: “Nem se conquista através da força, nem se implora como se fôssemos servos, nem se obtém por contrato. A vida eterna, que só Deus pode dar, é transmitida ao homem como herança, de pai para filho”.
E prosseguiu: “Eis por que, à nossa pergunta, Jesus responde que, para receber o dom de Deus, é preciso acolher a sua vontade”.
“Está escrito na Lei: ‘Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração» e «o teu próximo como a ti mesmo’. Fazendo assim, correspondemos ao amor do Pai: a vontade de Deus é, na verdade, aquela lei de vida que Deus, em primeiro lugar, pratica a nosso respeito, amando-nos por inteiro no seu Filho Jesus”, destacou.
Leão XIV convidou os fiéis a olharem para Jesus como “a revelação do verdadeiro amor para com Deus e para com o homem”. Um “amor” que “se dá e não possui, amor que perdoa e não demanda, amor que socorre e nunca abandona”, disse. “Em Cristo, Deus fez-se próximo de todos os homens e mulheres; por isso, cada um de nós pode e deve tornar-se próximo daqueles que encontra pelo caminho”, explicou.
E acrescentou: “Seguindo o exemplo de Jesus, Salvador do mundo, também nós somos chamados a levar consolação e esperança, especialmente àqueles que estão desanimados e desiludidos”.
Depois de rezar o Ângelus, exortou os fiéis a “rezar pela paz e por todos aqueles que, por causa da violência e da guerra, se encontram numa situação de sofrimento e de necessidade”. O papa também falou da beatificação de ontem (12), em Barcelona, do marista Lycarion May, religioso suíço, educador dos pobres em Espanha, martirizado durante as revoltas populares de 1909.