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“Os idosos são um dom, uma bênção a ser acolhida”, e a longevidade “é um dos sinais de esperança do nosso tempo”, disse na sexta-feira (3) o papa Leão XIV.
O papa recebeu os participantes do II Congresso Internacional sobre Pastoral da Pessoa Idosa, organizado pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, no Palácio Apostólico, no Vaticano.
Em seu discurso, Leão XIV enfatizou que o tema desse encontro, Vossos anciãos terão sonhos! (Jl 3,1), retirado do livro do profeta Joel, contém palavras queridas ao seu predecessor, o papa Francisco, que frequentemente falava “da necessidade de uma aliança entre os jovens e os idosos”.
O papa Leão XIV falou sobre essa passagem bíblica, dizendo que o profeta “anuncia a efusão universal do Espírito Santo, que cria unidade entre as gerações e distribui diferentes dons a cada uma”. Ele lamenta que hoje “as relações entre gerações sejam frequentemente marcadas por fraturas e conflitos que as colocam umas contra as outras”.
O papa falou sobre duas críticas: que os idosos “não deixam espaço para os jovens na força de trabalho” e que eles “absorvem muitos recursos econômicos e sociais em detrimento de outras gerações, como se a longevidade fosse um crime”.
“Esse é um desafio, porque o número crescente de idosos é um fenômeno histórico sem precedentes, que nos chama a um novo exercício de discernimento e compreensão”.
Nesse sentido, em contraste com a mentalidade atual que “tende a valorizar a existência se ela produz riqueza ou sucesso, se exerce poder ou autoridade, esquecendo que o ser humano é uma criatura sempre limitada e necessitada”, o papa Leão XIV sublinhou que a fragilidade que se manifesta nas pessoas idosas “é escondida ou afastada por aqueles que cultivam ilusões mundanas, para não ter diante dos olhos a imagem daquilo em que inevitavelmente nos tornaremos”.
No entanto, disse também Leão XIV, é “saudável compreender que o envelhecimento faz parte da maravilha que somos”, como disse no Jubileu dos Jovens em agosto.
O papa exortou os fiéis a deixarem de ter vergonha da fraqueza humana para que “nos sintamos impelidos a pedir ajuda aos irmãos e a Deus, que cuida de todas as suas criaturas como um Pai”.
“A Igreja é chamada a oferecer tempo e ferramentas para decifrar isso, a fim de viver isso como cristão, sem tentar permanecer eternamente jovem e livre do desespero”, disse Leão XIV, que recomendou como “muito valiosa” a catequese que o papa Francisco dedicou a esse tema.
Sujeitos ativos da evangelização
O papa Leão XIV valorizou a presença de pessoas idosas que, quando terminada a sua vida de trabalho, “têm a oportunidade de desfrutar de um período cada vez mais prolongado de boa saúde, bem-estar econômico e mais tempo livre”, e que são frequentemente “aqueles que dão testemunho da sua assídua presença na liturgia e nas atividades paroquiais diretas, como o catecismo e os diversos serviços pastorais”.
“É importante encontrar uma linguagem e propostas adequadas a eles, envolvendo-os não como destinatários passivos, mas como sujeitos ativos da evangelização, e respondendo junto com eles, e não em seu lugar, às questões que a vida e o Evangelho nos colocam”, disse também o papa.
Vindo de diferentes experiências de vida e relações de fé, Leão XIV disse que “para todos, a pastoral dos idosos deve ser evangelizadora e missionária, porque a Igreja é sempre chamada a anunciar Jesus, o Cristo nosso Salvador, a cada homem e mulher, em cada idade e fase da vida”.
Isso implica, antes de tudo, levar “o anúncio alegre da ternura do Senhor, para superar, junto com eles, a escuridão da solidão, grande inimiga da vida dos idosos”, numa tarefa missionária que “interpela a todos nós, às nossas paróquias e, em particular, aos jovens, que podem se tornar testemunhas de proximidade e escuta recíproca para aqueles que estão mais adiantados na vida do que eles”.
“Em outros casos, a evangelização missionária ajudará os idosos a encontrar o Senhor e a Sua Palavra”, disse também o papa. “Com o passar dos anos, de fato, a questão sobre o sentido da vida ressurge para muitos, criando uma oportunidade de buscar um relacionamento autêntico com Deus e aprofundar sua vocação à santidade”.
Por fim, Leão XIV disse que “anunciar o Evangelho é o principal compromisso do nosso ministério pastoral: envolvendo os idosos nessa dinâmica missionária, eles também serão testemunhas de esperança, sobretudo com a sua sabedoria, dedicação e experiência”.