Acidigital
A igreja matriz da paróquia Santo Antônio de Pádua, em Rio Bonito do Iguaçu (PR), resistiu à passagem do tornado de nível F3 que deixou seis mortos e centenas de feridos na cidade na tarde de sexta-feira (7). No momento do tornado, o templo estava lotado para a celebração da crisma de 132 jovens, ninguém se feriu.
“Afirmar que a Missa da Crisma livrou uma cidade inteira de uma tragédia maior é exagero, mas negar que as mãos de Deus protegeram muitos dos seus filhos, seria incredulidade”, escreveu o bispo de Guarapuava (PR), dom Amilton Manoel da Silva, CP, nas redes sociais.
Com cerca de 14 mil habitantes, Rio Bonito do Iguaçu viu casas, escolas e lojas serem destruídos por ventos que ultrapassaram os 300 km/h. Segundo dom Amilton, muitos pais e familiares dos crismandos chegaram à igreja por volta das 18h, deixando suas casas e estabelecimentos vazios. O tornado passou cerca de 18h40, quando o templo estava repleto.
“Casas residenciais e comerciais vazias foram para os ares, seus proprietários estavam na Igreja”, disse dom Amilton. “A Igreja sofreu pequenos danos pelo lado de fora e curiosamente não teve rachaduras. O padre relatou que, no momento de maior barulho, todos se ajoelharam e rezaram a oração da Ave Maria seguidamente, a maioria aos gritos e prantos, implorando o socorro divino”.
Para ele, “as mãos de Deus agiram poderosamente protegendo os seus filhos e filhas de uma tragédia, que poderia ter ceifado centenas de vidas, se estivessem em casa, no trabalho ou pelas ruas”.
Dom Amilton também destacou os “sinais providenciais”: o Santíssimo Sacramento presente no altar, a imagem de santo Antônio intacta na entrada da igreja, e duas imagens de Nossa Senhora Aparecida, uma na lateral e outra nos fundos, dentro de um oratório de vidro que também permaneceu intacto. “Nada é coincidência, tudo é providência. Eu creio! Deus seja louvado!”, concluiu.
Para o seminarista Messias Batista, “a nossa Paróquia foi como uma verdadeira mãe: um abrigo seguro que nos acolheu e protegeu seus filhos, não permitindo que nem mesmo a força da natureza lhes fizesse mal”.
“Esta imagem revela uma Igreja que guarda e cuida, que permanece firme até as últimas consequências por amor aos seus. E foi assim que, pela graça de Deus, que as centenas de pessoas que estavam ali puderam sair ilesos. Uma mãe jamais abandona seus filhos”, disse ele em suas redes sociais.
Como os danos à igreja foram pequenos, só algumas telhas levantadas nas laterais, ela se tornou um ponto de apoio para ajudar os moradores da cidade. Sob o lema “Vem e reconstrói a tua Igreja, levanta o santuário da ruína que sobrou de nós”, a paróquia convoca voluntários para ajudar durante a semana e é local de arrecadação de itens que são distribuídos para as famílias.
Na missa de domingo (9), o pároco, padre Cristian Jardim, falou sobre a tragédia:
“Podemos perder tudo, mas a nossa fé, a nossa vida, não vamos perder. Com consciência, fé e esperança, fortaleza em Deus, vamos vencer, vamos reerguer a nossa comunidade, a nossa vida e a nossa caminhada em nome de Jesus e pela poderosa intercessão da Mãe de Deus e nossa”.
“Nós fomos criados para o céu, por isso que eu e você temos que ter a coragem e a fé de passar através da nossa oração por tudo aquilo que nós estamos passando”, continuou. Mesmo perdendo quem nós amamos, mesmo que nós perdemos as nossas coisas, mas a nossa fé deve estar embasada neste Deus, neste Deus que nos ama. Não tenhamos medo, porque o Senhor fez de nós templos vivos e templos santos, pois Deus é aquele que nos acompanha e nos faz viver”.
Na tarde de ontem (10), ele levou o Santíssimo Sacramento pelas ruas da cidade, abençoando os escombros e os moradores. Segundo estimativas locais, cerca de 90% dos imóveis foram destruídos.
A paróquia recebe doações através do Pix: 75.643.148/0038-35. O nome da conta recebedora é: Paróquia Santo Antônio de Pádua ou Mitra Diocesana de Guarapuava (as duas formas estão corretas). Segundo a paróquia, “os valores recebidos serão destinados da melhor forma possível, conforme as necessidades das famílias atingidas”.
