Acidigital
O papa Leão XIV disse que a perseguição aos cristãos não se manifesta apenas «com armas e maus-tratos», mas também «com palavras», ou seja, «através da mentira e da manipulação ideológica».
Durante o Ângelus de hoje (16) ele exortou os cristãos a dar testemunho «da verdade que salva o mundo, da justiça que redime os povos da opressão, da esperança que indica a todos o caminho da paz».
Da varanda do seu escritório privado no Palácio Apostólico, o papa disse que a agressão do mal «não pode destruir a esperança daqueles que confiam Nele» e que «quanto mais escura é a noite, mais a fé brilha como o sol».
Leão XIV voltou ao Evangelho do dia, de Lucas 21, que fala de guerras, revoltas e perseguições.
“À medida que o ano litúrgico chega ao fim, o Evangelho de hoje (Lc 21, 5-19) convida-nos a refletir sobre as tribulações da história e o fim dos tempos”, disse ele. Para o papa, diante dessas convulsões, o apelo de Jesus “é muito oportuno”: “Quando ouvirdes falar de guerras e insurreições, não vos assusteis” (v. 9).
“As palavras de Jesus proclamam que o ataque do mal não pode destruir a esperança daqueles que confiam nele. Quanto mais escura é a hora, mais a fé brilha como o sol”, disse ele.
Por duas vezes no Evangelho, Cristo diz que “por causa do meu nome” muitos sofrerão violência e traição, continuou o papa, “mas precisamente então terão a oportunidade de dar testemunho”. Esse testemunho não é só daqueles que enfrentam violência física.
“De fato, a perseguição aos cristãos não acontece apenas através de maus-tratos e armas, mas também com palavras, ou seja, através de mentiras e manipulação ideológica”, disse ele. “Especialmente quando somos oprimidos por esses males, tanto físicos como morais, somos chamados a dar testemunho da verdade que salva o mundo; da justiça que redime os povos da opressão; da esperança que mostra a todos o caminho para a paz”.
Citando a promessa de Jesus, «Pela vossa perseverança, salvareis as vossas almas» (Lc 21, 19), o papa disse que esta garantia «dá-nos a força para resistir aos acontecimentos ameaçadores da história e a todas as ofensas», porque o próprio Cristo dá aos crentes «palavras e sabedoria» para perseverarem no bem.
Ele apontou para os mártires como um sinal de que «a graça de Deus é capaz de transformar até mesmo a violência num sinal de redenção» e confiou os cristãos perseguidos em todo o mundo à intercessão de Maria, Auxílio dos Cristãos.
Apelos pelos cristãos perseguidos, pela Ucrânia e pelas vítimas do acidente no Peru
Após rezar o Angelus, Leão XIV voltou-se para as situações de sofrimento.
«Os cristãos continuam a sofrer discriminação e perseguição em várias partes do mundo», disse ele, mencionando em particular Bangladesh, Nigéria, Moçambique, Sudão e outros países «dos quais frequentemente ouvimos notícias de ataques a comunidades e locais de culto». «Deus é um Pai misericordioso e deseja a paz entre todos os seus filhos», acrescentou o papa, rezando especialmente pelas famílias em Kivu, na República Democrática do Congo, onde um recente ataque terrorista matou pelo menos 20 civis.
Ele disse que acompanha «com tristeza» as notícias de ataques contínuos a várias cidades ucranianas que causam mortes e feridos — «entre eles crianças» — e danos generalizados à infraestrutura civil, deixando famílias desabrigadas com a aproximação do inverno. «Não devemos nos acostumar com a guerra e a destruição», disse ele, exortando à oração «por uma paz justa e duradoura na Ucrânia devastada pela guerra».
O papa também rezou pelas vítimas de um grave acidente de ônibus na região de Arequipa, no sul do Peru, no qual pelo menos 37 pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas.
«Gostaria também de oferecer as minhas orações pelas vítimas do grave acidente rodoviário ocorrido na última quarta-feira no sul do Peru», disse ele. «Que o Senhor acolha os falecidos, sustente os feridos e conforte as famílias enlutadas.»
Num apelo mais amplo à segurança rodoviária, Leão XIV observou que a Igreja também se lembrava de «todos aqueles que morreram em acidentes rodoviários, muitas vezes causados por comportamentos irresponsáveis. Que cada um de nós examine a sua consciência sobre este assunto», disse ele.
O papa recordou a beatificação, no sábado, em Bari, do sacerdote diocesano italiano Carmelo De Palma, falecido em 1961 após uma vida «generosamente dedicada ao ministério da confissão e do acompanhamento espiritual», e rezou para que o seu exemplo inspirasse os sacerdotes a dedicarem-se «sem reservas» ao serviço do povo de Deus.
Assinalando mais uma vez o Dia Mundial dos Pobres, Leão XIV agradeceu às dioceses e paróquias que organizaram iniciativas de solidariedade com os mais necessitados e convidou os fiéis a redescobrir a sua exortação Dilexi Te sobre o amor aos pobres, «um documento que o papa Francisco estava preparando nos últimos meses da sua vida e que eu concluí com grande alegria».
Por fim, uniu-se à Igreja na Itália na observância de um dia de oração pelas vítimas e sobreviventes de abusos, apelando a «uma cultura de respeito» que salvaguarde a dignidade de todas as pessoas, «especialmente dos menores e dos mais vulneráveis».





