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O bispo emérito de San Cristóbal de las Casas em Chiapas, México, cardeal Felipe Arizmendi Esquível, alertou sobre os riscos do uso descontrolado de celulares entre fiéis, dizendo que o uso excessivo pode fazer com que as pessoas se afastem umas das outras e da realidade.
Em texto divulgado à ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, o cardeal, de 85 anos, identificou cinco áreas nas quais os fiéis demonstraram dependência do celular, afetando a atenção e os relacionamentos interpessoais:
- Confessionário: Arizmendi citou o caso de uma pessoa que lhe perguntou “se sua confissão sacramental havia sido válida, porque o padre que a atendia no confessionário estava olhando e usando o celular o tempo todo”.Ele disse que, embora o sacramento fosse válido porque “Deus vê o coração”, expressou sua desaprovação pela “falta de respeito do padre”, enfatizando que a confissão é um “momento muito sagrado, e os fiéis merecem todo o respeito, devem ser ouvidos e atendidos com a mente e o coração, no estilo de Jesus”.
- Retiros espirituais: O cardeal disse que em alguns dos retiros espirituais que ele liderou ao longo de sua carreira para padres, seminaristas e freiras, “é comum que alguém esteja mais focado em seus celulares do que meditando”.
- Assembleias e reuniões pastorais: Ele disse também que, em assembleias ou reuniões, políticos, bispos e agentes pastorais às vezes “votam sem saber o que está sendo decidido, ou expressam opiniões sem levar em conta o que outros já expressaram”.Em sua experiência, ele disse ter observado que as pessoas estão “mais focadas nas últimas notícias ou informações em seus celulares, muitas vezes irrelevantes, do que no que está sendo discutido”.
- Famílias e casais: O cardeal mexicano lamentou que em algumas famílias, “na hora das refeições, já não se fala, mas cada um olha o seu celular”, e o mesmo “acontece entre os casais, que passam longos períodos no celular em vez de dividir a vida”.
- Causas e uso responsável
- O cardeal Arizmendi disse que, quando usados corretamente, os celulares são “uma ajuda extraordinária, fruto da grande capacidade intelectual que Deus colocou em nossas mentes”. No entanto, para algumas pessoas, “se esquecem ou perdem o celular, sentem-se perdidas”.
- O cardeal disse que em casos como esse, o uso do celular se torna um instrumento que “prende tanto as pessoas que elas não conseguem viver sem estar constantemente nele e, como resultado, elas se distanciam das pessoas e da realidade”.
- Por isso, ele propôs “nos conectar melhor, conhecer diferentes opções e tomar decisões sobre muitas coisas na vida”. Arizmendi disse que a maneira mais eficaz de reverter essa tendência é “nos educarmos para sermos livres e sabermos quando usar o celular e quando ignorá-lo”.
- “Coloquemo-nos no lugar da pessoa à nossa frente: se a ouvirmos sem escutar porque estamos ao celular, ela não se sentirá levada em conta”, concluiu o cardeal. “Amar os outros também significa cuidar deles, antes de cuidar dos nossos celulares”.
