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Congresso Internacional sobre o papel da Igreja na prevenção e resposta a abusos acontece em Fátima

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O Grupo VITA, que acompanha vítimas de abusos na Igreja em Portugal, promoveu hoje (27), em Fátima, um congresso internacional com o tema “Da Reflexão à Ação: O Papel da Igreja Católica na Prevenção e Resposta à Violência Sexual”. O evento buscou refletir sobre o caminho já percorrido, a fim de “a consolidar práticas de prevenção e intervenção mais eficazes e a delinear estratégias futuras no combate aos crimes sexuais no contexto da Igreja Católica, numa lógica integrada de trabalho em rede”.

O congresso reuniu cerca de 200 pessoas e contou com a presença de especialistas portugueses e de outros países, “com vasta experiência na área de violência sexual e, alguns deles, em concreto, no contexto da Igreja Católica (em Portugal e em diversos países do mundo), numa perspectiva de partilha de saberes e de integração de esforços, cruzando olhares e experiências distintas”, segundo o Grupo VITA.

Entre os palestrantes, esteve padre jesuíta alemão Hans Zollner, especialista em prevenção de abusos na Igreja Católica, consultor sobre o tema de abusos na diocese de Roma.

Na conferência inaugural do congresso, o sacerdote disse que a proteção de vulneráveis é “parte integrante da missão da Igreja”. Segundo ele, “a Igreja Católica tem todos os meios” para lidar com a situação, “sem precisar fugir dos pecados e dos crimes”. O padre disse que é preciso “confessar, arrepender-se e reparar” os erros do passado, com “justiça e misericórdia” para vítimas e acusados.

Para o sacerdote, “a credibilidade da Igreja e o que está ligado a ela vem de viver o Evangelho da forma mais consistente possível”.

Ele disse que, “a nível global, a Igreja Católica fez muito em termos de medidas de proteção”. Mas, acrescentou, “o que não somos bons é a lidar com o passado, com o mal feito às pessoas”, àqueles que “se tornaram vítimas de indivíduos e instituições”.

O padre Zollner alertou sobre outros tipos de abuso, como o “espiritual” e o “de poder” e destacou que “o grande elefante na sala” é “o abuso online”. Segundo ele, “todos os meios com que acedemos à internet tornaram-se a maior ameaça à segurança das crianças e de outros, ainda mais com os desafios da inteligência artificial”.

O especialista também lamentou que a Igreja não trabalhe em rede em relação ao tema dos abusos, mas funcione muitas vezes em “silos”. “Temos a maior e a mais funcional rede de todo o mundo, na Igreja Católica, mas não lhe damos uso, não falamos uns com os outros”, disse.

O padre fez ainda um apelo à redefinição do conceito de “salvaguarda”, para que não seja visto só como evitar um mal, mas como criar “espaços, relações e práticas” que permitam o crescimento e a vida.

Zollner elogiou a mobilização feita em Portugal, dizendo que nenhuma outra instituição reuniria “tal multidão, tantas pessoas comprometidas” para abordar o problema dos abusos.

Compromisso com a construção de uma cultura nova

O bispo de Leiria-Fátima, dom José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse na abertura do congresso que o trabalho de prevenção e proteção de menores e adultos vulneráveis é um “caminho a seguir” para a Igreja e a sociedade.

“Esta é uma forma de colaborar com a construção de uma cultura nova de sensibilidade, informação e prevenção, que torne a Igreja e a sociedade mais sensíveis a estes devastadores abusos e crie um ambiente de segurança para o futuro das pessoas e, particularmente, das nossas crianças”, disse.

O bispo falou sobre o processo de compensações financeiras a vítimas de abusos que está em curso na Igreja em Portugal. Segundo ele, trata-se de uma “decisão autônoma e personalizada” da Igreja em favor das vítimas. “Não é simplesmente uma decisão jurídica, porque, para tal, a maior parte destes fenômenos, ou quase a totalidade destes processos, teriam já prescrito”.

Segundo ele, as compensações buscam “reconhecer o mal” feito às vítimas e “poiar a coragem” que tiveram em denunciar.

Também participaram da sessão de abertura a irmã Célia Cabecinhas, vogal da direção da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), e Rute Agulhas, coordenadora do Grupo VITA.

Agulhas disse aos jornalistas que até o momento foram recebidos 93 pedidos de compensação financeira por parte de vítimas de abusos na Igreja. Segundo ela, os últimos pedidos chegaram na semana passada e ainda já entrevistas agendadas para janeiro.

“De acordo com a Conferência Episcopal, aquilo que foi assumido recentemente era de que no início de 2026 provavelmente este processo está concluído”, disse.

Dom José Ornelas disse aos jornalistas que os montantes ainda não foram definidos e que a equipe responsável está trabalhando para terminar “dentro do prazo”, até o final de 2025.

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