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O papa Leão XIV exortou os líderes do Líbano à tenacidade, ao diálogo e a um compromisso renovado com o bem comum no discurso que fez no Palácio Presidencial em Baabda hoje (30), continuando sua viagem apostólica de uma semana à Turquia e ao Líbano.
A viagem, com foco na unidade cristã, na estabilidade regional e na missão da Igreja no Oriente Médio, levou o papa Leão XIV de encontros históricos em Istambul a uma nação ainda em recuperação da crise política e da guerra de 2023-2024.
“Felizes os pacificadores”, começou o papa, acrescentando que a paz “exige tenacidade” e “perseverança para cuidar e fazer a vida crescer”. Suas palavras foram ditas em um momento em que o Líbano busca estabilidade depois de anos de paralisia política, colapso econômico e o trauma persistente do conflito regional.
O Palácio Presidencial, com vista para Beirute e construído em 1956, recebeu seu primeiro discurso papal desde que o Parlamento elegeu Joseph Aoun em 9 de janeiro como o 14º presidente do Líbano, depois de mais de dois anos sem um chefe de Estado. Cristão maronita e oficial de carreira do exército, nascido em Beirute em 1964, Aoun recebeu o papa Leão para uma cerimônia que incluiu uma dança tradicional dabke e o plantio de um “cedro da amizade” nos jardins do palácio, ao lado de líderes da Santa Sé e da Igreja Maronita.
O papa Leão reconheceu a dificuldade de governar “em circunstâncias muito complexas, conflituosas e incertas”, mas elogiou a resiliência do povo libanês. “Sois um povo que não sucumbe e que, diante das provações, sabe sempre renascer com coragem”.
Ele descreveu o Líbano como “uma comunidade de comunidades, mas unida por uma língua comum: a esperança”, em um momento em que muitas partes do mundo enfrentam um pessimismo crescente, instabilidade e decisões tomadas “em detrimento do bem comum”.
Apesar do peso da crise e do que ele chamou de “uma economia que mata”, ele disse que o Líbano tem demonstrado repetidamente sua capacidade de “recomeçar”.
O papa exortou os líderes do país a permanecerem próximos de seu povo, enfatizarem o papel da juventude e da sociedade civil e a resistirem à redução da vida nacional a interesses conflitantes. “O bem comum é mais do que a soma de muitos interesses”, disse ele.
A reconciliação é indispensável, acrescentou o papa Leão. “Existem feridas pessoais e coletivas que para poderem cicatrizar exigem longos anos, às vezes gerações inteiras”, disse ele, alertando que, sem esse processo, “permaneceríamos parados, prisioneiros cada um de sua própria dor”. “É o confronto recíproco, mesmo nas incompreensões, o caminho que leva à reconciliação”, disse ele.
O papa Leão falou da tristeza causada pela emigração e da coragem necessária para ficar ou retornar. Ele destacou as contribuições das mulheres, que ele disse que “têm uma capacidade específica de promover a paz, porque sabem conservar e desenvolver laços profundos com a vida, com as pessoas e com os lugares”.
Ao concluir seu discurso, o papa lembrou ao Líbano que a paz não é apenas uma conquista humana, mas também um dom que molda o coração e ensina as pessoas a “harmonizarem nossos passos com os dos outros”. A paz, disse ele, “é um desejo e uma vocação, é um dom e um canteiro sempre aberto”.
Depois da cerimônia em Baabda, o papa Leão foi para Harissa, onde se hospeda na Nunciatura Apostólica. Amanhã (1º), ele começará o dia com uma visita de oração ao túmulo de são Charbel Makhlouf, no mosteiro de São Maroun, em Annaya.





