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População está feliz neste natal, diz bispo Dom Redovino

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População está feliz neste natal, diz bispo Dom Redovino

O bispo diocesano de Dourados compara o Natal deste ano em relação ao de 2010

Do Dourados Agora

O Bispo diocesano de Dourados, Dom Redovino Rizzardo disse em entrevista que a cidade de Dourados saiu da frustração. Dentre vários assuntos ele faz uma comparação do Natal deste ano ao mesmo período natalino do ano passado que ele classifica como um período de frustração, clima que também influenciava a Praça Antônio João que passava por constantes reformas e tudo que aconteceu nos meios políticos.

“Dourados deu uma guinada neste Natal e a gente gostaria que este momento se prolongasse”, disse o bispo, que também fala a respeito do real sentido do Natal e de toda a decoração natalina da igreja e da cidade. Dom Redovino também transmite uma mensagem de Natal aos douradenses.

Como a Igreja vê este momento de Natal comparando com mesmo período do ano passado?

“Realmente estamos de parabéns, aproveito para fazer um agradecimento, não só meu, mas de toda a população a tantas empresas que colaboraram com a Prefeitura Municipal, para novamente dar ao povo aquela autoestima, aquela alegria, de ser douradense, porque toda esta decoração natalina, a praça que voltou a ocupar o lugar que merece dentro da cidade, tudo isso está ajudando o povo a constituir mais ainda aquele espírito bonito de caminhar, de crescer, juntos, porque como nós sabemos ultimamente havia aqui na cidade alguns anos pra cá um sentimento de frustração que estava presente até mesmo na praça, a mesma praça que demorou anos e anos para ser concluída também representava este sentimento de frustração que existia dentro do povo, agora pelo contrário, seja pela ornamentação, pela praça, também pelo emprego. Quanta gente que tem emprego a mais na construção civil, nas indústrias, tudo isso está criando um momento privilegiado para nossa cidade. A gente gostaria que este momento se prolongasse e, por exemplo, atingisse também o mundo da Saúde, pois alguns dos nossos hospitais ainda não alcançaram aquele nível de atendimento que o povo precisa e também as periferias. Por isso agradeço as autoridades pelo que fazem em favor dos nossos bairros da periferia onde estas pessoas às vezes se sentem marginalizadas, então parece que estas coisas estão dando a Dourados um momento de ufania, de se sentir bem, mas é evidente que tudo isso é fruto não só do prefeito ou da primeira-dama ou das empresas que colaboraram para a ornamentação, ou das empresas que vem de fora para dar emprego ao nosso povo, mas sim, fruto de toda a participação da comunidade. Cada um fazendo bem a sua parte, inclusive no meio ambiente, na ecologia, na educação, na saúde, nós tenhamos de fato uma cidade bonita, não só bonita no sentido físico, mas bonita também no sentido de um povo que se orgulha de ser sul-mato-grossense e de ser uma terra formada por muitos povos que aqui vieram e que juntos constróem o seu futuro”
Como o senhor analisa as formas de comemoração do Natal nos dias atuais?

“O Natal tem um sentido que através dos séculos foi ampliando-se, de modo que, hoje, para os cristãos lembra o nascimento de Jesus, para grande parte da humanidade este sentido se alargou, se ampliou e o Natal é o momento de confraternização, de amizade, de encontro de famílias, mas o que se verifica ultimamente, talvez devido ao progresso da humanidade, do desenvolvimento social, econômico e cultural, é que o Natal perdeu bastante daquele sentido original. Hoje o Natal corre o perigo de ser transformado apenas numa festa social, onde todos são quase que dirigidos e até escravizados, podemos dizer, pelo consumismo, pelo materialismo, de modo que estes dias que antecedem o Natal, nestes dias o pessoal procura muito Shopping, lojas, para comprar, gastar o próprio dinheiro, então, não é que eu esteja sendo contra, digamos o desenvolvimento, o progresso, apenas eu gostaria que o Natal conservasse sempre aquele sentido de como ele nasceu, que é exatamente a presença de Deus em nossa vida, este Deus que é para nós o Deus da partilha, da solidariedade, o Deus da fraternidade, então, eu lembro sempre que Dom Oscar Romero, ele dizia, na última noite de natal, antes de morrer assassinado em 24 de março de 1.980, então, no Natal de 79, ele dizia: muitos cristãos vão a igreja dia de Natal, se comovem diante das estátuas de Jesus, de Maria, de José, dos pastores, dos Reis Magos, mas esquecem que o verdadeiro natal, seria para eles ir ao encontro dos pobres, dos doentes, dos presos, isto é, ajudar os cristãos a fazer um ato de fraternidade, solidariedade, aí o Natal tem sentido. Se não fica um Natal muito materialista, praticamente ele não é mais um Natal cristão”

Este engano na forma de comemoração de Natal nasce de que forma?

“Talvez o engano tenha nascido do próprio sentido do Natal. Desde, digamos, séculos e mais séculos, talvez desde o começo do cristianismo, quando começou a ser celebrado o Natal, ele foi um momento festivo, um momento bonito, na vida da família, na vida da igreja, e assim como o menino Jesus recebeu presentes dos pastores na noite de Natal, recebeu presente dos magos, que a gente celebra a epifania, então entrou o costume de dia de Natal ou então dia da epifania, conforme o país, ou até alguns países do norte da Europa é lembrado São Nicolau no dia 06 de dezembro, que seria o antecessor do Papai Noel, então era natural desde aquela época o presente representava a alegria do Natal. Então, as crianças, sobretudo, recebiam o presente demonstrando a alegria dos pais, contentamento do pai e da mãe, representando o amor da mamãe e do papai. Hoje em dia o presente ficou quase desligado, às vezes a criança poderia dizer assim: eu prefiro que o maior presente seja o amor entre o papai e a mamãe do que alguma coisa material. Mas o presente em si faz parte do Natal porque Jesus é o presente de Deus a humanidade e quem ama presenteia, é até um ato de amor, de carinho, de amizade, o perigo é o exagero, o extremismo, é fazer consistir o natal apenas em gastos, em consumismo”

Como a Igreja vem tentando fazer frente ao problema da violência que acomete principalmente a juventude?

“A Igreja, sendo parte desta sociedade faz sua esta preocupação porque a Igreja percebe que as maiores vítimas, por exemplo, da violência ou do trânsito quase 90% são jovens. Então, nós percebemos que a juventude deveria ocupar parte da sociedade, da parte da Igreja, da parte das famílias um lugar bem mais importante do que até agora. De fato é uma grande preocupação para a Igreja. Quanto à questão da droga eu sei também que as igrejas evangélicas, algumas delas, como também a nossa igreja, tentam fazer algo que sempre é muito pouco, não é aquilo que realmente deveríamos. Temos a Casa da Esperança aqui em Dourados, Fazenda da Esperança em Rio Brilhante, em Maracaju, estamos fundando a Casa da Esperança feminina. Sei que algumas igrejas evangélicas também tem centros de recuperação de dependentes químicos, porém a droga, a bebida, tudo aquilo que está acontecendo hoje revela algo bem mais profundo. Revela que a sociedade não consegue mais dar a juventude, valores que sustentem o jovem e ele então procura constantemente as compensações que cada vez mais o esvaziam e o levam para a violência”

Esta busca seria em razão da ausência da família no período de formação do jovem?

“Sem dúvida. Como houve uma grande mudança na sociedade, hoje a família para se sustentar quantas vezes tanto a mãe como o pai precisam trabalhar para se sustentar e não encontram tempo, condições para sustentar bem o filho e às vezes esta luta pela vida, pela sobrevivência, cria na própria família uma tensão nervosa e é por isso que as vezes muitas crianças, não tendo em casa aquela acolhida que elas buscam, saem de casa e fora de casa encontram sempre um ambiente que destrói, muitas vezes os valores que a família passa são combatidos por contravalores que tem em outros segmentos da sociedade, como na televisão, talvez em outros meios também. Então, penso que o que acontece com a juventude, a grande causa é a desestruturação da família. Aliás, nós percebemos até nas periferias sobretudo, que muitos destes jovens não tem uma família, não tem pai, as vezes tem a mãe com dois três filhos, e o pai desapareceu, então, é evidente que num ambiente sem família, sem acolhida, sem unidade, as vezes passando por problemas econômicos a criança vai se criando numa espécie de revolta interior e aí, futuramente quando jovem, quando adolescente, surgem os problemas”

A Igreja Católica tem conseguido resgatar os fiéis perdidos ao longo do tempo?

“O que a gente pode dizer é o seguinte: realmente há uns 50 anos atrás podemos dizer, a maioria da população brasileira, também da América Latina, nascia na igreja católica, nascia, era batizada, recebia alguns sacramentos, mas muitas vezes não era uma convicção, era porque o pai, o avô, bisavô, mais pela tradição, então, não era algo que vinha do coração e também porque a religião as vezes não evoluía, não caminhava, porque, claro que a religião tem sempre o mesmo evangelho, o mesmo Deus, mas a maneira de apresentar a fé não pode ser a mesma que era há dois mil anos atrás ou há mil anos atrás. O mundo evolui. Nós não podemos apresentar a fé aí na UFGD, ou na Anhanguera, ou na Unigran, qualquer universidade, como se apresentava na idade média. Mesmo para a Igreja a todo um esforço de apresentar, de transmitir a fé de uma maneira em que todos se sintam bem e mesmo aquele professor de Universidade, médico, advogado, então, eu estou percebendo que de fato talvez este êxodo grande de católicos que saíram da Igreja está ajudando a Igreja a entender que aquilo que bastava uma vez não basta mais hoje, então, por isso que está havendo, estou percebendo uma volta de grande número de católicos, estão voltando numa intensidade maior para a pratica religiosa, isso se deve também a muitos movimentos, como por exemplo, o caminho neo-catucumenal, o cursilho de cristandade, os campistas, equipes de Nossa Senhora, muitos movimentos e através destes movimentos muitos encontram aquela alegria, aquela força de voltar a igreja, mas é através deles porque só igreja por igreja nem sempre a pessoa voltaria”

Qual a mensagem natalina que Dom Redovino pode expressar aos douradenses?

“Já que toda a nossa população está neste Natal com uma nova alegria, uma nova força, por tudo aquilo que graças a Deus está acontecendo em nossa cidade, eu diria então que também nós, os cristãos, façamos a nossa parte, em que sentido? Participando, colaborando, não é só celebrar o natal na igreja, mas celebrar o natal no dia a dia, no comércio, na indústria, nas famílias, fazendo um passo a mais. Eu digo uma frase antiga que a gente sempre lembra que, uma alma que se eleva, eleva o mundo. Alguém que procura viver a própria vida está ajudando muitas outras pessoas a seguir os mesmos passos. Então, eu faço votos, peço a Deus que o natal deste ano seja um natal de renovação, que possamos voltar a ser felizes por sermos cidadãos de Dourados, da região, e que possamos sempre mais continuar neste crescimento, nessa guinada, Graças a Deus, que está acontecendo ultimamente”

População está feliz neste natal, diz bispo Dom Redovino

Dom Redovino bispo diocesano de Dourados, em entrevista ao O Progresso. (Foto: Hedio Fazan)

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