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O papa Leão XIV pediu no último sábado (21) a líderes políticos do mundo todo que promovam o bem comum, falando especialmente sobre a ameaça à dignidade humana representada pela inteligência artificial (IA).
A IA “certamente será uma ajuda válida para a sociedade, na medida em que, no entanto, a sua utilização não leve a pôr em causa a identidade e a dignidade da pessoa humana e as suas liberdades fundamentais”, disse o papa no último sábado a legisladores de 68 países reunidos no Vaticano para o Jubileu dos Governantes.
“Não se deve esquecer que a inteligência artificial tem a função de ser um instrumento para o bem do ser humano, não para o diminuir nem para definir a sua derrota”, disse Leão XIV, falando em inglês para o público internacional.
O papa rapidamente fez do desafio da inteligência artificial uma questão central de seu pontificado, destacando-o numa reunião com o Colégio dos Cardeais dois dias depois de sua eleição no mês passado.
Em seu discurso aos líderes políticos no sábado, Leão XIV também os incentivou a promover o bem comum de outras maneiras, entre elas “inaceitável desproporção entre uma riqueza possuída por poucos e uma pobreza sem limites (cf. Leão XIII, Carta Encíclica Rerum novarum, 15 de maio de 1891, 1)”. O papa condenou essa desigualdade, dizendo que é uma das principais causas da guerra.
Leão XIV enfatizou a importância da liberdade religiosa e encorajou líderes políticos a seguirem o exemplo de são Tomás More, do século XVI, como “um mártir da liberdade e do primado da consciência”. More foi executado por se recusar a reconhecer o rei Henrique VIII chefe da Igreja na Inglaterra, em vez do papa.
O papa também recomendou a tradição ética da lei natural, cujas raízes na antiguidade clássica são anteriores ao cristianismo, como “um ponto de referência unitário na ação política” e “um elemento que une a todos”, independentemente da crença religiosa.
Argumentos da lei natural desempenharam um papel de destaque em vários debates jurídicos e políticos recentes sobre questões como aborto, eutanásia, liberdade religiosa, ideologia de gênero.
O papa disse aos líderes políticos que “a lei natural, universalmente válida, além e acima de outras convicções de cunho mais discutível, constitui a bússola pela qual se deve orientar a legislação e a ação, em particular no que diz respeito a questões éticas delicadas que hoje se apresentam de forma muito mais evidente do que no passado, tocando a esfera da intimidade pessoal”.