Acidigital
Depois de um ataque aéreo contra a paróquia da Sagrada Família na faixa de Gaza, que matou pelo menos duas pessoas hoje (17), segundo a Cáritas Jerusalém, o papa Leão XIV fez um apelo urgente por um cessar-fogo imediato.
Num telegrama assinado pelo secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, o papa expressou “profunda tristeza” pelo “ataque militar” e ofereceu orações pelo “consolo dos que estão de luto e pela cura dos feridos”.
“O papa Leão XIV renova sua profunda esperança por diálogo, reconciliação e paz duradoura na região”, diz a mensagem. Por fim, o papa confiou as almas dos mortos “à amorosa misericórdia de Deus Todo-Poderoso” e expressou a todos os afetados sua “proximidade espiritual”.
Segundo a Cáritas Jerusalém, os dois mortos estavam do lado de fora do prédio paroquial, que foi convertido em abrigo para cerca de 500 pessoas desde o início dos confrontos em outubro de 2023, quando o projétil atingiu o local.
Eles são Saad Salameh, de 60 anos de idade, zelador da paróquia, que estava no pátio no momento da explosão; e Fumayya Ayyad, de 84 anos de idade, que estava sentada dentro de uma tenda de apoio psicossocial da Cáritas quando a explosão lançou estilhaços e detritos pela área.
Ambos foram levados para o hospital Al-Mamadani, a um quilômetro da igreja, mas morreram pouco depois devido à “grave escassez de recursos médicos e unidades de sangue em Gaza”, diz o comunicado.
A Cáritas Jerusalém disse que as mortes são “um doloroso lembrete das condições impossíveis enfrentadas por civis e profissionais de saúde sob cerco”. As equipes da organização humanitária em Gaza estão “em estado de choque e luto”, tendo testemunhado “mais uma perda sem sentido de vidas inocentes”.
Em resposta à tragédia, a Cáritas Jerusalém lançou um novo apelo à comunidade internacional: “Mais uma vez, pedimos urgentemente uma ação rápida para proteger civis, locais de culto e espaços humanitários, e para garantir que as pessoas em Gaza tenham acesso ao direito mais básico: a oportunidade de sobreviver”.
“Que Saad e Fumayya descansem em paz”, conclui a mensagem. “Levamos a memória deles conosco”.
O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, expressou dúvidas de que o ataque não tenha sido deliberado.
“Dizem que foi um erro de um tanque israelense, mas não sabemos; atingiu a igreja diretamente”, diz Pizzaballa.
A explosão deixou, além de dois mortos, cinco feridos, entre eles o pároco, padre Gabriel Romanelli, que sofreu um ferimento leve na perna.
O cardeal Pizzaballa disse que ainda é muito cedo para avaliar completamente as consequências do ataque, mas enfatizou a necessidade de esclarecer o que aconteceu e proteger a comunidade local.
“Agora é muito cedo para falar sobre tudo isso”, disse o cardeal. “Precisamos entender o que aconteceu, o que precisa ser feito, acima de tudo, para proteger nosso povo, naturalmente tentando garantir que essas coisas não aconteçam novamente, e então veremos como seguir em frente”.
O patriarca reafirmou a proximidade e o compromisso da Igreja com os cristãos da faixa de Gaza.
“Sempre tentamos chegar a Gaza de todas as maneiras possíveis, direta e indiretamente”, diz o patriarca.
Depois do ataque, Oren Marmorstein, ministro das Relações Exteriores de Israel, também expressou o “profundo pesar” do governo israelense.
“Israel expressa profundo pesar pelos danos à igreja da Sagrada Família na Cidade de Gaza e por quaisquer vítimas civis”, disse ele em mensagem publicada na rede social X.
O ministro das Relações Exteriores de Israel disse que as Forças de Defesa de Israel (FDI) estão investigando o incidente, cujos detalhes “ainda não estão claros”.
“Os resultados da investigação serão publicados com total transparência”, diz Marmorstein.
Em sua declaração, o ministro enfatizou que “Israel nunca tem como alvo igrejas ou locais religiosos” e lamentou “qualquer dano a um local religioso ou a civis não envolvidos”.