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Dom Redovino fala de pedofilia, homosexualismo e política

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Em entrevista à semanário local, dom Redovino fala de homosexualismo, pedofilia e política

“Sou contra o homossexualismo, mas respeito todo ser humano, independentemente da crença religiosa, da ideologia política e da opção sexual de cada um”.

Da Folha de Dourados

Adriano Moretto e Helton Costa

Nascido em 1939 na cidade de Bento Gonçalves, no interior do Rio Grande do Sul, o Bispo Dom Redovino Rizzardo, presta há 44 anos seus trabalhos à Igreja Católica, dos quais 10 em Dourados.

Foi ordenado sacerdote em 1967 e Bispo em 2001. Durante seu período como padre, Dom redovino passou por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de ter ficado por cinco anos em Roma. Antes de se tornar Bispo foi superior da Congregação dos Missionários de São Carlos, em Porto Alegre, capital gaúcha.

Nesta entrevista à folha de dourados, ele conta sobre seu livro, fala sobre sua estadia no município, o homossexualismo, pedofilia na Igreja Católica, política municipal, o avanço de outras religiões e do controvertido movimento Opus Dei (Obra de Deus), que segundo ele, ainda não opera em Dourados.

Leia a seguir, a entrevista.

Folha de Dourados – O Senhor lançou um livro recentemente, “Saudades do Paraíso’. Quem ler esse livro poderá encontrar o quê?

Encontrará os 52 artigos que escrevi durante o ano de 2010 para vários jornais e sites do Brasil. O conteúdo é muito diversificado. Os temas são sempre relacionados com situações concretas da vida do povo, vistos à luz da fé e da esperança cristã que procuro viver. “Saudades do Paraíso” porque, com este volume, coloco-me a serviço das pessoas de boa vontade que desejam ver o “Paraíso” que poderia ser o planeta Terra se a humanidade o cuidasse com o mesmo amor que levou Deus a criá-lo.

Folha de Dourados – Faz 10 anos que o Senhor está em Dourados. O que esse tempo lhe tem ensinado?

RR – Vim para Dourados com o desejo de caminhar lado a lado com o povo que a Igreja me confiava ao me nomear bispo. Amei a Diocese de Dourados como a minha nova família que Deus me deu, sem distinção de pessoas. Graças à acolhida e receptividade que encontrei, senti-me logo em casa, apesar de nunca ter pisado em Dourados antes do episcopado. Tentei levar adiante minha missão respeitando e dialogando com todo tipo de pessoas, sem me deter ante as diferenças religiosas e políticas de cada um, inclusive no grave problema que aflige (e, às vezes, separa) agricultores e índios. Estou convencido que o diálogo e a comunhão são um caminho mais longo e mais exigente, mas mais eficaz do que a contestação, a oposição e a luta.

Folha de Dourados – O Senhor está sempre na mídia, com artigos e programas de rádio… A Igreja Católica está mais aberta ao diálogo através dos meios de comunicação?

RR – Há mais de 30 anos, o Papa Paulo VI já afirmava que dificilmente a Igreja Católica atingiria os propósitos que se propõe se ficasse alheia aos meios de comunicação social. Desde os meus primeiros anos de sacerdócio, optei por eles para promover os valores cristãos e humanos entre o povo. São inúmeras as pessoas que não atinjo nas igrejas que frequento. E muitas delas me agradecem pelos artigos que escrevo e pelos programas radiofônicos que faço. Lembro de um pastor evangélico de Nova Andradina que, sabendo que eu estava naquela cidade, me procurou para dizer de sua alegria em ler, todas as semanas, os artigos que, em sua opinião, não valem apenas para os católicos…

Folha de Dourados – Sempre surgem questionamentos não só na mídia, mas, dentro da sociedade sobre casos envolvendo pedofilia com membros da Igreja. O Papa Bento XVI disse que implementará ‘medidas efetivas’ contra esse crime. Como o Senhor se sente quando vê membros da Igreja sendo acusados desses crimes? Qual a sua opinião sobre esse assunto?

RR – Os sacerdotes católicos são frutos da sociedade permissiva e pluralista que vivemos na atualidade. São feitos de carne e osso como qualquer outra pessoa. É por isso que, entre eles, encontramos grandes santos e – não podemos negá-lo – também pecadores. Estou convicto, porém, que a grande maioria luta para ser fiel aos compromissos assumidos perante a Igreja. Evidentemente, pelo mal que causam jamais eu poderia ser condescendente com os padres que cometem esse pecado. Dentro de alguns dias, um dos meus artigos que escrevo às sextas-feiras, abordará esse tema. Terá como título “As culpas da Igreja”.

Folha de Dourados – A Igreja Católica já foi unanimidade como religião no país, mas, ultimamente vem perdendo fiéis para outras crenças, principalmente para os evangélicos. Na opinião do Senhor ao que se deve essa migração?

RR – É um fato inegável. A meu ver, são inúmeros os motivos que levam um católico a abraçar outras crenças religiosas. Um deles é o próprio fato de ter sido, o catolicismo, durante muitos séculos, “unanimidade”. Na mente de muitas pessoas de então, ser brasileiro equivalia a ser católico. Tratava-se de um povo que era católico sem ser evangelizado. Esquecia-se que ninguém nasce cristão: só é cristão quem se converte, quem assume a fé que diz professar. Mas, essa “migração” está ajudando os que “ficam” na Igreja de seus pais a se cultivarem mais e se aperfeiçoarem na formação, na espiritualidade. Em outras palavras, perdemos em quantidade, ganhamos em qualidade.

Folha de Dourados – Qual a posição da Igreja e do Senhor à respeito do homossexualismo?

RR – Não apenas por ser cristão, mas também pela própria constituição física, psíquica, mental e espiritual do ser humano, não posso aceitar o homossexualismo. A natureza do homem e da mulher – para quem não tem preconceitos – diz claramente que sua realização e complementação exigem essa alteridade. Entenda-se bem: sou contra o homossexualismo, mas respeito todo ser humano, independentemente da crença religiosa, da ideologia política e… da opção sexual de cada um. Mas, assim, como eu respeito essa diferença de pensamento existente hoje na sociedade, também peço que se respeite o cristão que pensa de acordo com o projeto que levou Deus a criar a humanidade.

Folha de Dourados – O Código Da Vinci foi muito criticado pela Igreja Católica. A história da Opus Dei principalmente. O que é verdade e o que mentira nessa história toda de Opus Dei. Existe algum membro dela aqui no Estado ou mesmo em Dourados?

RR – Sem falsa modéstia, talvez eu seja a pessoa que mais leu sobre o “Opus Dei” em Dourados. Trata-se de uma instituição católica que nada tem a ver com o péssimo livro de Dan Brown. Infelizmente, ainda não temos membros do Opus Dei em Dourados, mas estou lutando para trazê-los para cá, porque será grande o bem que, então, nascerá entre nós. Infelizmente, assim como acontece em relação à própria Igreja Católica, muitas pessoas preferem engolir os preconceitos disseminados por certas cátedras ao invés de se darem ao trabalho de conhecer a “verdade verdadeira”, como dizia antigamente o Bóris Casoi.

Folha de Dourados – Qual a opinião do Senhor sobre política em vista dos acontecimentos recentes na cidade (Owari, Brothers e Uragano e eleição de Murilo Zauith)?

RR – Penso que Dourados faz parte do Brasil, onde a corrupção é tão disseminada que quase não inquieta nem assusta ninguém! Aliás, a esse respeito, estou convencido que, como acontece também em outros campos (por exemplo, no mundo da droga), o que aconteceu em Dourados é “café pequeno”… Os “peixes” maiores sempre escapam! Mas, já que Deus sabe tirar o bem do próprio mal, espero que o passado seja uma lição para o futuro!

Folha de Dourados – Para encerrar, resumidamente, qual mensagem o Senhor deixa para a comunidade católica de Dourados e região?

RR – A minha mensagem é sempre de esperança, até porque estou convencido que faz mais barulho uma só árvore caindo do que uma floresta crescendo… Contudo, a esperança só tem sentido quando existe participação. Contentar-se em ver e criticar, sem assumir com coragem a própria tarefa, não passa de hipocrisia. A meu ver, porém, essa participação será válida e a renovação da sociedade será verdadeira somente na medida em que se começa com a conversão interior, do coração. “Homens novos para uma humanidade nova”, repetia o Papa João Paulo II!

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