06/01/2021 08h16
Folias e reisados: o dia de reis na devoção popular no Brasil
6 de janeiro é a data dedicada no calendário brasileiro aos Reis Magos, que visitaram Jesus no presépio após serem conduzidos pela estrela. Junto com a celebração litúrgica, as folias ou reisados enriquecem a comemoração do nascimento de Jesus e a sua manifestação entre os povos.
CNBB
A festa da Epifania do Senhor é marcada em algumas regiões do Brasil por uma antiga celebração popular herdada da colonização e agora marcada pela riqueza da miscigenação. O dia 6 de janeiro é a data dedicada no calendário brasileiro aos Reis Magos, que visitaram Jesus no presépio após serem conduzidos pela estrela. Junto com a celebração litúrgica, as folias ou reisados enriquecem a comemoração do nascimento de Jesus e a sua manifestação entre os povos.
Em artigo publicado no portal da CNBB, o arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani João Tempesta, recordou a tradição de peregrinar no tempo do Natal realizada pelos grupos de Companhia de Reis ou Folia de Reis, cuja missão é anunciar de porta em porta o nascimento do Salvador.
“Os foliões são para nós a imagem do discípulo missionário que marca a vida de uma Igreja em saída, levando a todos sem distinção a grande mensagem: o Menino Deus nasceu e veio trazer para sua família, sua casa a paz e as bênçãos para que vivas feliz e colabore na missão de evangelizar”, escreveu o cardeal.
Também conhecidos como “Santos Reis”, os magos do Oriente foram reconhecidos como santos pelo sensu fidei (o senso dos fiéis), de acordo com o bispo emérito de Bauru (SP), dom Caetano Ferrari, em artigo de 2018 publicado no portal da CNBB. “Ainda hoje o povo católico os venera como santos e o dia de sua festa é dia santo de guarda, o primeiro do calendário civil”, pontuou dom Caetano.
O arcebispo de Montes Claros (MG), dom João Justino de Medeiros Silva, ressaltou em 2019 que a tradição da Folia de Reis tem forte apelo popular e que o clima natalino se estende por dias entre os foliões que peregrinam, cantam, rezam e dançam em torno do Deus Menino. “Recria-se o imaginário da busca e do encontro do Rei Menino, da estrela-guia que conduz em meio às dificuldades da travessia, do ardor de quem viu a luz e por ela se deixou guiar”, recorda.
Essa narrativa da busca dos Magos pelo Menino Deus conduz toda a dinâmica das folias, as quais “revestem-se de grande beleza, com músicas, cantos, orações, recitação dos Evangelhos, especialmente das passagens que relatam o nascimento de Jesus, em Belém, desde o anúncio do anjo Gabriel, passando naturalmente pela vinda dos Reis Magos, a fuga da sagrada família ao Egito e a sua volta do exílio e a infância de Jesus”, resgata dom Caetano Ferrari.
“As folias caminham de casa em casa, fazendas, vilas, bairros, convidando os fiéis a descobrirem a estrela da graça que leva a Deus como o fizeram os Reis do Oriente. Os foliões vão vestidos com roupas coloridas, personificando figuras bíblicas. Há os palhaços que distraem os carrancudos soldados de Herodes, para facilitar a fuga da Sagrada Família ao Egito”, enumerou.
“Há os que carregam a bandeira do Divino e a dos santos Reis, há os cantadores, os instrumentistas, os leitores e os recitadores de versos. As famílias, com alegria e emoção, recebem à porta da casa ou no quintal os foliões; oferecem alguma coisa de comer, como café e bolo de fubá, e fazem a sua oferta de uma prenda como um frango, um leitão. Estas prendas serão preparadas e servidas no final da peregrinação da Folia a todos os que a receberam pelo caminho durante a jornada de fé e oração”, partilhou dom Caetano Ferrari.
